Quando falamos de crescimento das empresas, a primeira imagem que costuma vir à cabeça é de Vendas, Marketing, Expansão e, agora, claro, Inteligência Artificial. Mas, na prática, é sempre tudo sobre pessoas, e é aí que entra o RH.
Como mentor, investidor-anjo e ex-diretor de RH do Ifood, eu vi de perto empresas crescerem -e outras quebrarem- dependendo da forma como cuidavam do seu time. Eu vivi uma situação na pele: fui executivo de uma empresa que tinha tudo para dar certo. Ou seja, um excelente time, um ótimo produto, um mercado carente e acesso a capital. Ainda assim, não deu certo. E não deu certo por temas diretamente relacionados ao RH: modelo de gestão, cultura e liderança.
Enfim, posso dizer que não é clichê: quando o RH funciona, a empresa cresce com consistência. Quando não funciona, ela vira um castelinho com base de areia.
Abaixo, compartilho 7 estratégias de RH que não são apenas teoria tiradas dos livros de administração de empresas. São práticas que aprendi, apliquei e desenvolvi ao longo da minha trajetória como executivo de empresas que têm a cultura como um ativo estratégico: AmBev, Google, Movile e iFood.
Hoje eu ajudo empresas a implementarem essas estratégias com um excelente time de mentores parceiros por meio da GoMentor.
Antes de começarmos, é importante definir que crescer é o avanço sustentável de uma organização em termos de receita, estrutura, pessoas e impacto positivo na sociedade. Não se trata apenas de faturar mais, mas de consolidar processos, desenvolver talentos, ganhar espaço no mercado e garantir longevidade para jogar o jogo infinito, como bem definiu o craque Simon Sinek. Então, podemos dizer que crescer exige decisões estratégicas, capacidade de priorização e execução e muito alinhamento entre áreas. E o que o RH tem a ver com isso?
Qual é a relação do RH e crescimento das empresas?
Bom, é o RH que vai garantir que as pessoas certas estejam nos lugares certos, com metas claras, cultura alinhada, comunicação fluida e eficiente e desenvolvimento contínuo.
Desse modo, sem um RH estruturado, a empresa corre o risco de crescer com base frágil: contrata mal, perde talentos, forma lideranças despreparadas e implode silenciosamente por dentro.
Ou seja, o bom RH é aquele que antecipa movimentos e atua como parceiro próximo e direto da liderança para sustentar e escalar o negócio. E, para isso acontecer, aqui vão as 7 estratégias de RH que impulsionam o crescimento das empresas que você deveria ficar de olho:
1. Clareza sobre o que se espera de cada função (de verdade)
Uma das maiores fontes de ineficiência é a ambiguidade. Times que não sabem exatamente o que devem entregar, como serão avaliados ou o que é considerado “excelência” vão performar abaixo do potencial.
O RH precisa liderar a construção ou revisão de descrições de cargos, estruturas, metas e sistemas de recompensa/reconhecimento que conversem com a realidade atual da empresa. E não aquele organograma feito 3 anos atrás que ninguém mais sabe onde está. Ah! É muito importante ter em mente que os organogramas hoje são mais achatados, multidirecionais, com menos camadas, mais flexíveis e dinâmicos – tudo isso para facilitar a tomada de decisões e ganhar velocidade.
2. Um plano de cargos, salários e carreira que seja justo, transparente e viável
Toda empresa quer reter os melhores talentos, mas claramente não são todas as que conseguem responder com clareza: Quais são os critérios para promoção? Como os salários estão posicionados frente ao mercado? Como damos previsibilidade de crescimento para quem performa bem?
Pois é, não ter respostas claras para essas perguntas gera ruído interno e desconfiança. Um caos, né?
Eu costumo recomendar às empresas que eu mentoro que, sempre que possível, paguem aos seus colaboradores o salário que estariam dispostos a oferecer a eles numa contraproposta depois de terem recebido uma proposta para sair. Entendo que os líderes devem ser duros nas negociações com fornecedores e clientes – mas com o time é importante ter uma relação de absoluta confiança. Sendo assim, usualmente não gosto da ideia de oferecer contraproposta quando um colaborador pede pra sair e, para ser sincero, não conheço muitos casos em que essa abordagem tenha, de fato, funcionado. O colaborador pode acabar aceitando, mas a relação de confiança foi abalada, e logo, logo, ele acaba saindo.
Ou seja, um bom RH precisa tomar decisões de maneira intencional e comunicá-las aberta e amplamente para a equipe. Em seguida, vem o mais importante: sabe quando você vê um filme e percebe que a legenda não bate com a leitura labial que você faz dos personagens? Pois é. Isso não pode acontecer na sua empresa. Se você decidiu e comunicou, agora você precisa sustentar na prática. Afinal, não existe cultura forte onde os líderes falam uma coisa e fazem outra ou não cumprem suas promessas.
3. Desenvolvimento de liderança como prioridade (e não como brinde de fim de ano)
Não existe empresa forte com liderança fraca. Mas também não existe liderança forte que não possa se desenvolver ainda mais.
O RH precisa assumir protagonismo na formação e acompanhamento de lideranças.
Isso é: estruturar programas de desenvolvimento com base nos desafios reais da empresa, oferecer mentoria e promover feedbacks frequentes. Além disso, é importante construir uma cultura onde liderar é ser responsável pelo crescimento sustentável do time – incluindo a própria liderança.
4. Onboarding e offboarding que não sejam apenas burocracia
Todo mundo lembra da primeira semana em um novo emprego. Mas, pouca gente esquece a forma como foi desligado. Onboarding e offboarding são dois momentos críticos que definem a percepção do colaborador sobre a empresa.
Boas práticas de integração fazem com que o novo colaborador entre mais rápido no ritmo da empresa, entenda o contexto, conheça seu time e se engaje mais cedo. Por outro lado, a saída, quando bem conduzida, preserva relacionamentos, evita crises e ainda pode transformar funcionários em promotores da marca.
Há, ainda, um benefício incrível de formar uma rede de alumni que troquem experiências, se ajudem mutuamente e, eventualmente, decidam usar o conhecimento adquirido durante o período na empresa para empreender. É ótimo quando a empresa está por perto facilitando essas interações e aproveitando o poder dessa rede.
5. Cultura como ativo estratégico (e não como adesivo na parede)
Cultura é aquilo que é realmente vivido, mesmo que o que esteja escrito no quadrinho dos valores corporativos da empresa pendurado na recepção diga diferente. E o RH, junto às demais lideranças, tem enorme responsabilidade nesse tema. Empresas que crescem de forma consistente têm clareza sobre quais comportamentos são valorizados e quais não são tolerados.
Essa clareza precisa ser refletida nos processos seletivos, nas avaliações de desempenho, nas promoções e nos reconhecimentos e também nas pequenas interações do dia-a-dia.
RHs que tratam cultura apenas como decoração institucional estão abrindo mão do maior diferencial competitivo que uma empresa pode ter.
6. Escuta ativa e comunicação transparente
O RH precisa saber derrubar muros que afastam as equipes em silos e ser ponte onde a ponte é necessária. Portanto, precisa ouvir de verdade, traduzir o que está nas entrelinhas e ter coragem de comunicar o que precisa ser dito com clareza e respeito.
Empresas crescem quando as pessoas sabem para onde estão indo, o porquê disso ser importante e o que está funcionando e o que precisa melhorar. E, obviamente, só existe clareza quando existe comunicação.
Desse modo, o papel do RH para o crescimento das empresas é tanto técnico quanto humano: garantir que as informações circulem sem ruídos e que as pessoas se sintam ouvidas e respeitadas.
7. RH como líder da estratégia de gente
Enfim, talvez a principal mudança de mentalidade: o RH precisa deixar de atuar e ser visto como uma equipe operacional e passar a ser o motor de crescimento das empresas. Isso significa atuar lado a lado com a liderança da empresa, influenciar decisões, propor soluções, antecipar problemas.
Mais do que aplicar ferramentas e escrever políticas, o RH precisa pensar e atuar estrategicamente. Porque quando o RH se posiciona com clareza e profundidade, a empresa sente. Cresce. E se transforma.
Conclusão
Essas 7 estratégias de RH para o crescimento das empresas não são como uma receita de bolo. Talvez, uma funcione melhor para uma empresa, outra pra outra. Vai depender do mercado, estágio de maturidade e objetivos da empresa, claro. Mas, sem dúvida, são caminhos práticos com impacto relevante no resultado da empresa – e eu falo por experiência própria.
Portanto, se, ao longo dessa jornada, você precisar de ajuda para dar os primeiros passos ou para construir algo novo a partir do que você já tem no seu time de RH, saiba que a GoMentor está pronta para caminhar com você.